"Eu vi tudo e não pude salvar meu filho, ele morreu na porta de casa", afirma Áurea Cristina, 40, mãe do adolescente Elizeu Santos Trigueiro da Silva, 15, morto durante operação do BOPE, na madrugada do último sábado (18), na favela do Arará, em Benfica, zona norte do Rio de Janeiro.
Em relato emocionado à Folha, a mãe de Elizeu acusa os agentes do Batalhão de Operações Especiais de atirarem contra seu filho. O adolescente foi atingido por três tiros no braço, tórax e na cabeça. E já teria chegado morto às 1h43 no Hospital Geral de Bonsucesso.
"Quando o BOPE entrou, meu filho estava na Praça Matupiri aqui perto e quando começaram os tiros, ele correu para a casa de um vizinho amigo. Depois que os tiros cessaram, ele resolveu voltar para casa. Eu moro no terceiro andar e joguei a chave pela janela, mas aí meteram bala nele", relata.
Mãe de três filhos, Áurea Cristina mora no terceiro andar de um condomínio ao lado da favela do Arará.
"Aqui no meu prédio não tem bandido. Eu vi tudo, não pude salvar meu filho. Ele levou três tiros, foi tanta bala sem piedade. Não deu para socorrer meu filho, iam me matar também. Foi tudo tão rápido que quando vi já tinham levado para o hospital", contou.
A mãe do adolescente acusa o BOPE de não apenas ter matado seu filho, como também de não devolver a chave de sua casa. "Achei que eles iam entrar aqui em casa. Eles sabiam que era morador, ouviram meu filho me pedir a chave de casa. Foram os homens do BOPE porque o caveirão estava parado ali perto", acusa.
Áurea Cristina ainda se queixou de não ter conseguido registrar o caso e prestar seu depoimento na polícia civil. Ela conta que fez uma peregrinação de delegacias naquela madrugada. "Fui para a 21ª DP (Bonsucesso) e me mandaram para a 37ª DP (Ilha do Governador). Fiquei mais de uma hora esperando e não me deixaram dar depoimento, só pegaram o depoimento do BOPE. Depois por volta das três da manhã me mandaram voltar para casa", relatou.
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